terça-feira, 2 de julho de 2019

Fragmentos

A temperatura aquece o corpo
num gesto amplo e frio
a onda de calor esbate
e a fruta sumarenta
circula nas artérias das principais cidades
a leveza fina da alma eleva o desejo
de murmurar em suspiro a obra poética
 à frente do casario
que se estende até ao mar.
A neblina avança por ruelas tranquilas
iluminadas por lampiões
sujos e gastos
ocultando o fracasso dos passos
encestados nas redes dos pescadores
para desespero dos barcos.
Com a fúria do vento
o timbre fechado na voz
o moinho em remoinho
quebrado em desalinho
no mais profundo abandono
mói o sentimento quente
no parapeito da janela
meio dia, metade da vida
na alegoria da caverna
investida, sem mós.

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