sexta-feira, 18 de janeiro de 2019

vida

A vida
é um carrossel
um moinho ao sabor do vento...
A vida
tão breve a passagem
consome de leve os meses e os dias...
A vida
é sinal de esperança
para quem luta
e sente o rosto de criança...
A vida
não é sentida
se correres depressa demais
 tropeçares na esquina em contramão...
A vida
justa ou não
depende do que fazes dela
pois na ponta dos dedos
esvai...
Resultado de imagem para foto de um carrossel

Palavras soltas




Palavras soltas
loucas
insensíveis
proliferam como pardais sedentos
rasgadas ao ventre
estrelas cadentes
amorfas
encardidas
no coração...
 folhas escritas
de tinta indelével
na palma da mão...
no papel gravitam,
no mar letras baloiçam
pingentes
astutas
quem as não lê não sabe
que o cheiro a tinta
marca, além uma pinta
de grafemas caducas
girando num vaivém
tecem cruzadas teias
que a vida contém...
Resultado de imagem para imagem de pardais

domingo, 13 de janeiro de 2019

Deixa...

Resultado de imagem para imagem de uma festa


Deixa os grãos de areia
prolongarem nos dedos finos
um cântico leve da ave

Deixa respirar
o agudo vibrato das cordas
amadurecidas no outono
dos dias pachorrentos

Deixa o sabor acre
nos cabelos finos
nas marés de espuma
rodeados de maresia

Deixa cair o rosto brando
na leveza dos dias solarengos
transfiguradas pelas emoções
citadinas ao virar da esquina

Deixa que o sopro breve
assuma o dito pelo não dito
e façamos uma festa branca.

Encontro/desencontro


sResultado de imagem para imagem de uma bola de cristal

Experiências vividas
na capital do mundo
mais do que tudo na vida
é o encanto/desencanto
angústia da partida
ânsia de voltar aqui.
O futuro não passa de uma incógnita entrançada
no andamento dos dias
distante e enlevada
sopra e traz sabedoria
que perece e esquece
ao sabor do carrossel
pé ante pé liquefeito
desfeito na fusão dos sentidos.

Imagem






Metade de mim
exala o perfume balsâmico
da gaivota em alto-mar
o ângulo da esquina retilínea
o amanhecer decora
suas vestes, trapézios de imagem
Resultado de imagem para imagens de mimobra prima, perspetiva suprema.

No recanto, a imagem nua
lívida beija a fonte
miragem ao cruzar da ponte
ao vento num trail alucinante.

Distâncias incógnitas
trémulas, sem voz
o sibilar da águia rasante ecoa
longe, ausente de mim.

Disnível, no equilíbrio perfeito
escrito nas páginas em branco
manchas pálidas, sem rosto
ao redor da música excêntrica.

Cordilheiras em mim, apressadas
navegam na natureza, cinza e corpo
teimam persistir, no chão gasto
enquanto a imagem pulula
entre os dedos rasgados de luz e sangue
a penumbra existe, real.

Máscaras


Resultado de imagem para imagem de mascaras carnaval

Folia
Alegria
Poesia
Emoções
Encontrões
Máscaras do " ser" e "dever ser"
Busca antagónica incessante
Eufemismo amorfo
de ninfas submersas no rosto
Jogo do adivinha
Pierrots inquietos
Na girândola da vida
Disfarçados na fonte de água azulada
Tingida com fios de mel e nozes
Sonhos abreviados
Distantes nos olhos de água
É o carnaval disfarçado
sob um luar estrelado
Equidistante no diâmetro de nada
Até quando o desejo cumprido?

terça-feira, 1 de janeiro de 2019

Surpresa

Aos solavancos procuro respostas
na quinta dimensão
onde teus olhos vagueiam
dentro da redoma.

A prudência pertence aos que estão para a frente
 e a audácia dos que estão para trás.

O amor em construção
vive em contramão
seja inverno seja verão.

Eu só sei que nada sei
e aos olhos dos outros
um falhanço preenchido
nos socalcos bordados à chuva e ao relento
do vento.

Na surpresa do tempo que passa
esbarra a minha vontade
de querer viver em suaves prestações
pago ao alfaiate ambulante
no final de cada mês.

Eu descortino a ténue imagem
quando em viagem estou
pulo fora da caixa
e deixo o rasto de mim 
para me descobrires.

Jogada

As formas do círculo jogam
num denominador comum
e o discurso português suave
define a escultura icónica
ao pôr-de-sol.

A fugacidade dos dias livres
tostados ao sol pela brisa
bronzeiam a nudez da alma
em segredo a vaguear na lua.

A espuma lima o recorte das folhas
atapetadas no rigor da primavera
cujas sombras do jacarandá
espremem a amálgama dos sentidos
no melhor dos dois mundos.

Portugal

O meu país tem o sangue
a palpitar por inteiro
no oceano lendário
de seres despovoados da inclítica geração
sem murmúrio nem sussurro
o vidro de cal e sal
ressuscita da nobre cinza.

A humanidade heróica despe 
o cedro sem mancha
mata o pintarroxo em circuito de trilhos
no lamaçal de desalojados.

Os ilustres gentios da terra povoam
o rio lânguido e verde
lutam e labutam sob os tentáculos do polvo
e com a força motriz dos braços
arrastam as ledas madrugadas
na leveza dos dias frios de outrora.

Soneto

Cruzou-se em mim o espaço lento
do desencontro arrepiado da humanidade
onde os anjos da Babilónia
deixam de ser justos imortais
mas seres imperfeitos que evaporam rumores
nas intensas horas de trabalho másculo
no ciclo de vida terrestre.

Após tantos anos carregados em mim
vejo a alegria transparente
do movimento da alma
a fazer um soneto regular
num tiro saído da culatra.

Qual é a password
que meus olhos fecha
e tira a máscara grega 
a caminho de Veneza??